CARTA PELA MUDANÇA
Esta é uma carta que se destina a todos os que amam o futebol: fãs, jogadores, patrocinadores, emissoras, àqueles que trabalham na mídia e aos que formam nossos governos.
Ela é para todos os que partilham a visão de que o futebol merece um órgão administrativo mundial que esteja livre da corrupção, da má gestão e dos interesses pessoais.
É para todos os que queiram ver o futebol ser administrado por pessoas que tomem decisões e medidas de maneira transparente, e que sejam responsabilizados no melhor dos interesses do esporte e da sociedade civil.
Ela é para todos aqueles que participam da comunidade futebolística ao redor do mundo.
O futebol é importante. Ele tem o poder e a capacidade de unir o mundo de uma maneira que nenhuma outra coisa consegue.
Ele trabalha em todos os níveis. Ele fala com todas as pessoas.
Ele abre portas e fortifica amizades como nenhuma outra coisa.
Ele consegue fazer isso melhor do que qualquer negócio, melhor do que os governos, melhor do que qualquer pessoa poderia sonhar em conseguir.
E quando tudo se reúne – como é possível por meio do futebol – vira uma força poderosa, positiva e definitiva no mundo.
O problema
A FIFA é uma das organizações mais desacreditadas no mundo, com sérias alegações de corrupção que assola quase todos os seus movimentos fora de campo, sintoma de uma crise de liderança, governança e responsabilidade.
As decisões do Comitê Executivo em dezembro de 2010, que viram a Rússia e o Qatar ganharem os direitos de sediar os torneios da Copa do Mundo de 2018 e 2022, respectivamente, têm sido foco de atenção há quatro anos. No entanto, estas decisões seguem uma litania de escândalos que afligem a organização:
Mais recentemente, a FIFA lançou um relatório sumário de autoria do juiz Hans-Joachim Eckert sobre uma suposta investigação independente, com duração de 21 meses e realizada por Michael J. Garcia, envolvendo a conduta de todos os licitantes para 2018/2022. Dentre outras coisas:
Menos de uma semana após sua publicação, Eckert e a FIFA anunciaram que denúncias criminais contra indivíduos não nominados foram encaminhadas à Corte Suíça – embora nenhuma menção a isso tenha sido feita no relatório sumário.
Pouco mais de um mês depois da publicação do relatório sumário de Eckert, Garcia renunciou como presidente da Câmara de Investigação do Comitê de Ética da FIFA, concluindo, dentre outras coisas, que uma “ausência de liderança” dentro da FIFA significa que sua cultura não mudará.
Nossa posição
A FIFA não é uma organização privada. As pessoas que a administram não são proprietárias da organização ou do esporte. Elas são as curadoras do esporte para os vários milhões que o jogam e os bilhões que o amam.
Porém, a FIFA, e particularmente seu Comitê Executivo, conduzem sua administração do jogo sem prestar contas a ninguém além deles mesmos. As duas partes interessadas essenciais ao jogo – jogadores e fãs – não têm voz da maneira com que seu esporte é administrado e governado.
Também, é comprovadamente claro que a FIFA é incapaz de reformar a si mesma. Nossa visão é que a cultura impregnada na organização, do topo à base, está tão longe de ser aberta, transparente, responsável e rigorosa, que eles não são capazes de se transformar no tipo de organização que os jogadores, fãs e nossas comunidades ao redor do mundo merecem.
A reforma da FIFA para se tornar uma organização democrática, transparente e responsável é o problema número um no mundo do futebol.
O que buscamos não é complexo.
Queremos que a FIFA opere com o mesmo nível de transparência e responsabilidade que esperamos de nossos governos, grandes instituições e organizações. Queremos que a FIFA fique livre da corrupção, má administração e interesses pessoais, e que cumpra seu papel como curadora e não proprietária do esporte, para benefício das atuais e futuras gerações. E queremos que a FIFA seja responsável perante as milhões de pessoas que jogam e as bilhões que são fãs.
Agora é tempo de uma nova FIFA.
A solução
Conclamamos:
1. Instituições internacionais e nacionais como o Conselho da Europa e parlamentos nacionais, a fim de estabelecer uma Comissão de Reforma da FIFA que seja uma administração interina e por tempo limitado, liderada por uma pessoa eminente e com amplos poderes para:
a) Revisar e desenvolver a Constituição, Estatutos, Códigos, além de políticas e práticas operacionais;
b) Desenvolver novos acordos de governança, incluindo comitês relacionados à governança; e
c) Realizar eleições para um Comitê Executivo, incluindo um novo presidente.
2. Governos, onde as corporações patrocinadoras ou parceiros de transmissão da FIFA tenham sede, para tornar ilegal que essas corporações contribuam com a FIFA, a menos que as reformas da Comissão de Reforma da FIFA sejam adotadas.
3. Associações de Futebol do mundo todo para apoiar esta ação.
4. Patrocinadores e emissoras para apoiar esta ação em pronunciamento público.
5. Fãs, para que defendam estas ações junto aos seus governos, suas associações de futebol, patrocinadores, emissoras, mídia, por meio da mídia social e assinando a petição www.newfifanow.org.
A Comissão de Reforma da FIFA deve ser presidida por uma pessoa eminente, com experiência em governo, corporações e esporte. Outros membros devem incluir outras pessoas eminentes escolhidas no Judiciário, em corporações, no governo e no esporte.
ENDS
Bruxelas, janeiro de 2015
Ela é para todos os que partilham a visão de que o futebol merece um órgão administrativo mundial que esteja livre da corrupção, da má gestão e dos interesses pessoais.
É para todos os que queiram ver o futebol ser administrado por pessoas que tomem decisões e medidas de maneira transparente, e que sejam responsabilizados no melhor dos interesses do esporte e da sociedade civil.
Ela é para todos aqueles que participam da comunidade futebolística ao redor do mundo.
O futebol é importante. Ele tem o poder e a capacidade de unir o mundo de uma maneira que nenhuma outra coisa consegue.
Ele trabalha em todos os níveis. Ele fala com todas as pessoas.
Ele abre portas e fortifica amizades como nenhuma outra coisa.
Ele consegue fazer isso melhor do que qualquer negócio, melhor do que os governos, melhor do que qualquer pessoa poderia sonhar em conseguir.
E quando tudo se reúne – como é possível por meio do futebol – vira uma força poderosa, positiva e definitiva no mundo.
O problema
A FIFA é uma das organizações mais desacreditadas no mundo, com sérias alegações de corrupção que assola quase todos os seus movimentos fora de campo, sintoma de uma crise de liderança, governança e responsabilidade.
As decisões do Comitê Executivo em dezembro de 2010, que viram a Rússia e o Qatar ganharem os direitos de sediar os torneios da Copa do Mundo de 2018 e 2022, respectivamente, têm sido foco de atenção há quatro anos. No entanto, estas decisões seguem uma litania de escândalos que afligem a organização:
- Pagamentos foram realizados pela agora extinta empresa ISL ao Comitê Executivo da FIFA em troca de direitos televisivos.
- Membros do Comitê Executivo foram filmados em 2010 oferecendo vender seus votos para a Copa do Mundo. Atualmente, ambos estão trabalhando no futebol novamente.
- O suposto candidato presidencial alternativo em 2011, Mohamed Bin Hammam, foi banido para sempre.
- Jack Warner renunciou a todos os cargos no futebol antes que um caso contra ele pudesse ser considerado dentre as denúncias de improbidade generalizada.
- Chuck Blazer está trabalhando com o FBI como ‘testemunha colaboradora’ em troca de exoneração das acusações.
- Dr. Nicolas Leoz, Ricardo Teixeira e João Havelange renunciaram depois que um juiz suíço ordenou que o arquivo do caso ISL fosse tornado público – um movimento contra o qual o presidente Sepp Blatter luta usando fundos da FIFA.
- Semanas depois de o presidente Blatter aceitar um relatório da Transparency International em 2011 sobre como melhorar a governança e gestão, a FIFA concedeu seus lucrativos direitos televisivos a uma empresa suíça cujo presidente e diretor executivo é sobrinho do Sr. Blatter.
Mais recentemente, a FIFA lançou um relatório sumário de autoria do juiz Hans-Joachim Eckert sobre uma suposta investigação independente, com duração de 21 meses e realizada por Michael J. Garcia, envolvendo a conduta de todos os licitantes para 2018/2022. Dentre outras coisas:
- O relatório sumário conclui que, apesar da conduta inadequada de alguns licitantes, não houve nenhuma ação que tenha interferido na “integridade do processo de licitação”;
- A Rússia alegou ter “perdido” seus e-mails ao jogar fora seus computadores, mas nenhuma constatação – adversa ou não – foi feita contra ela;
- A Espanha recusou cooperar de qualquer maneira e nenhuma constatação – adversa ou não – foi feita contra ela;
- Contrariamente às convenções amplamente aceitas sobre proteção a denunciantes, Eckert apontou dois indivíduos – da proposta vencedora do Qatar e perdedora da Austrália que eram facilmente identificáveis – como “não confiáveis”, apesar de apresentar e aceitar a maior parte das informações e evidências que produziram.
Menos de uma semana após sua publicação, Eckert e a FIFA anunciaram que denúncias criminais contra indivíduos não nominados foram encaminhadas à Corte Suíça – embora nenhuma menção a isso tenha sido feita no relatório sumário.
Pouco mais de um mês depois da publicação do relatório sumário de Eckert, Garcia renunciou como presidente da Câmara de Investigação do Comitê de Ética da FIFA, concluindo, dentre outras coisas, que uma “ausência de liderança” dentro da FIFA significa que sua cultura não mudará.
Nossa posição
A FIFA não é uma organização privada. As pessoas que a administram não são proprietárias da organização ou do esporte. Elas são as curadoras do esporte para os vários milhões que o jogam e os bilhões que o amam.
Porém, a FIFA, e particularmente seu Comitê Executivo, conduzem sua administração do jogo sem prestar contas a ninguém além deles mesmos. As duas partes interessadas essenciais ao jogo – jogadores e fãs – não têm voz da maneira com que seu esporte é administrado e governado.
Também, é comprovadamente claro que a FIFA é incapaz de reformar a si mesma. Nossa visão é que a cultura impregnada na organização, do topo à base, está tão longe de ser aberta, transparente, responsável e rigorosa, que eles não são capazes de se transformar no tipo de organização que os jogadores, fãs e nossas comunidades ao redor do mundo merecem.
A reforma da FIFA para se tornar uma organização democrática, transparente e responsável é o problema número um no mundo do futebol.
O que buscamos não é complexo.
Queremos que a FIFA opere com o mesmo nível de transparência e responsabilidade que esperamos de nossos governos, grandes instituições e organizações. Queremos que a FIFA fique livre da corrupção, má administração e interesses pessoais, e que cumpra seu papel como curadora e não proprietária do esporte, para benefício das atuais e futuras gerações. E queremos que a FIFA seja responsável perante as milhões de pessoas que jogam e as bilhões que são fãs.
Agora é tempo de uma nova FIFA.
A solução
Conclamamos:
1. Instituições internacionais e nacionais como o Conselho da Europa e parlamentos nacionais, a fim de estabelecer uma Comissão de Reforma da FIFA que seja uma administração interina e por tempo limitado, liderada por uma pessoa eminente e com amplos poderes para:
a) Revisar e desenvolver a Constituição, Estatutos, Códigos, além de políticas e práticas operacionais;
b) Desenvolver novos acordos de governança, incluindo comitês relacionados à governança; e
c) Realizar eleições para um Comitê Executivo, incluindo um novo presidente.
2. Governos, onde as corporações patrocinadoras ou parceiros de transmissão da FIFA tenham sede, para tornar ilegal que essas corporações contribuam com a FIFA, a menos que as reformas da Comissão de Reforma da FIFA sejam adotadas.
3. Associações de Futebol do mundo todo para apoiar esta ação.
4. Patrocinadores e emissoras para apoiar esta ação em pronunciamento público.
5. Fãs, para que defendam estas ações junto aos seus governos, suas associações de futebol, patrocinadores, emissoras, mídia, por meio da mídia social e assinando a petição www.newfifanow.org.
A Comissão de Reforma da FIFA deve ser presidida por uma pessoa eminente, com experiência em governo, corporações e esporte. Outros membros devem incluir outras pessoas eminentes escolhidas no Judiciário, em corporações, no governo e no esporte.
ENDS
Bruxelas, janeiro de 2015